Carta de repúdio às declarações de Arthur do Val

Carta de repúdio às declarações de Arthur do Val

O Dia Internacional da Mulher se aproxima e, lamentavelmente presenciamos, por parte de um homem público, gestos e palavras que deveriam ser punidos pois merecem muito mais que repúdio por parte da sociedade.

Em solidariedade a todas as mulheres da Ucrânia, em respeito a todas nós que somos obrigadas a conviver com pessoas com tais pensamentos e atitudes e com o apoio de todos os meus amigos do Sinprosasco, escrevemos essas linhas com esperança de sermos respeitadas, frente ao desconforto que nos causa ouvir palavras tão machistas e sexistas.

O deputado Arthur do Val, conhecido pelo apelido de “Mamãe Falei”, fala de forma desrespeitosa, com tom de sarcasmo, compartilhando observações com amigos como se fossem elogios às mulheres, se colocando numa posição de soberba em relação às mulheres porque são pobres, “fáceis de pegar”.

Como assistir a tudo isso e não se indignar?

Como não se manifestar quando um homem público, deputado, pago com dinheiro público, denigre a imagem das mulheres de tal forma?

Como podemos continuar sendo representados, em nosso parlamento, por pessoas iguais a Arthur do Val? Seus comportamentos e atitudes de objetificação das mulheres, tratando-nos como se estivéssemos disponíveis e pudéssemos ser “tomadas” e “usadas” como bem quisesse precisam ser barrados imediatamente.

Tolerar tais atitudes acaba incentivando o feminicídio, a cultura do estupro, a violência doméstica, a desigualdade de oportunidades e remuneração nos mesmos postos de trabalho, entre muitas outras situações que fazem nossa sociedade manter injustiças às minorias como se fossem normais, e os privilégios de alguns como corretos e merecidos pela sua condição de sexo, cor da pele, ou qualquer outra tida como “medida de dignidade”.

Não podemos nos calar e deixar atitudes deste tipo cair no esquecimento. Precisamos nos manifestar, exigir que a sociedade reconheça tais injustiças, reflita sobre elas e demonstre que isso não pode ser tolerado.

Os aúdios enviados e divulgados pela mídia mostram o quanto vivemos numa sociedade que instrumentaliza o corpo da mulher e não é capaz de respeito nem mesmo num momento de guerra. Além disso, o fato de usar a pobreza como justificativa para exploração não acontece somente quando o que está em jogo é o corpo da mulher, mas acontece também nas relações trabalhistas e muitas outras formas de exploração.

Tolerar a injustiça é um crime contra a dignidade humana. Não podemos nos calar!

Roseli Jordão – diretora do Sinprosasco

Nayá Fernandes – jornalista


Osasco, 05 de março de 2022

Leia abaixo, a nota da FEPESP

‘MULHER FÁCIL’? NÃO ACEITAMOS TAL INSULTO

Na véspera do dia internacional da mulher ouvimos uma repugnante manifestação de um cidadão eleito à Assembleia Legislativa que não faz jus à grandeza do seu mandato e nem merece ser citado por sua baixeza. Farão bem seus colegas deputados em examinar a ofensa às mulheres – que compõem a grande maioria de nossa categoria – , repudiar suas declarações e aplicar a sanção mais severa não só pela quebra de decoro parlamentar, já que o deputado declarou-se em viagem oficial, mas pela repulsiva e inaceitável descrição das mulheres ucranianas neste momento tão difícil.

A Fepesp, em nome de seus sindicatos integrantes, repudia toda e qualquer manifestação preconceituosa ou de misoginia em relação às nossas bravas companheiras e saúda todas as mulheres em seu Dia.

Federação dos Professores do Estado de São Paulo – 05/03/22

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